Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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sexta-feira, 20 de junho de 2025
Guiné 61/74 - P26939: Parabéns a você (2388): Cherno Baldé, Amigo Grã-Tabanqueiro, Gestor de Projectos na Guiné-Bissau
Nota do editor
Último post da série de 19 de Junho de 2025 > Guiné 61/74 - P26935: Parabéns a você (2387): Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547/BCAÇ 1887 (Canquelifá e Bigene, 1966/68) e Tibério Borges, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2726 (Cacine, Cameconde, Gadamael e Bedanda, 1970/72)
quinta-feira, 12 de junho de 2025
Guiné 61/74 - P26910: S(C)em comentártios (72): Em Fulacunda, a tropa mal tinha o necessário para a sua própria alimentação, quanto mais alimentar 400 bocas civis e muçulmanas (Cherno Baldé, Bissau)
(*) Vd. poste de 9 de junho de 2025 > Guiné 61/74 - P26900: Recordações de um fulacundense (Armando Oliveira, ex-1º cabo, 3ª C/BART 6520/72, 1972/74) - Parte IX
sexta-feira, 6 de junho de 2025
Guiné 61/74 - P26891: S(C)em Comentários (71): Liberdade teve o grande Cherno Rachide que preferiu partir desta para melhor para não ter que aturar com a brutalidade do partido "libertador" (Cgherno Baldé, Bidssau)
1. Comentário do nosso colaborador permanente, Cherno Baldé (Bissau), ao poste P26880 (*)
Dizem que o Cherno Rachide morreu em 1973 para não assistir ao advento da independência com o PAIGC como poder dominante no país. Sorte foi a sua que teve essa visão reservada só aos sábios e visionários, também eu, se tivesse dom e essa capacidade, preferiria morrer a assistir a essa "heresia" que, na Guiné-Bissau, chamaram de libertação nacional.
Um abraço amigo,
Cherno AB (**)
(*) Vd. poste de 4 de junho de 2025 > Guiné 61/74 - P26880: Recordações de um furriel miliciano amanuense (Chefia dos Serviços de Intendência, QG/CTIG, Bissau, 1973/74) (Carlos Filipe Gonçalves, Mindelo) - Parte VII: Os "turras" têm agora um míssil que abate aviões e helicópteros
quarta-feira, 28 de maio de 2025
Guiné 61/74 - P26856: S(C)em Comentários (69): A maldição de...Bissássema, no setor de Tite, região de Quínara (Cherno Baldé, Bissau)
Guiné-Bissau > Regiãods e Quínara > Tite > 2019 > Esquadra da Polícia de Ordem Pública (POP)
Cdte, Cherno AB
[Reportagem, julho 2019] O edifício da Esquadra da Polícia de Ordem Pública (POP) do setor de Tite, região de Quinará, no sul da Guiné-Bissau, encontra-se em avançado estado de degradação (...).
(...) A Esquadra cobre todo o setor de Tite e conta com 15 agentes, dos quais apenas três são efetivos, nomeadamente: o comandante, o seu adjunto e o responsável da logística. As restantes 12 pessoas são todas auxiliares recrutadas internamente, sem salários nem subsídios, porém são elas que fazem todo o serviço da esquadra.
(...) O comandante da Esquadra, Sete Djassi, reconheceu na entrevista a O Democrata a situação de degradação daquela Esquadra.
(...) Em termos de meios de transporte para a mobilidade dos polícias, explicou que dispõem de uma viatura (Jeep) descapotável adquirido já há alguns meses do Comando da Província Sul e uma motorizada que receberam no quadro das eleições legislativas de março deste ano. Lembrou que trabalhavam sem nenhum meio de transporte e que as missões eram feitas a pé, sobretudo no concernente à caça aos gatunos ou pessoas que tenham cometido algum crime.
“Andávamos a pé até ao interior das tabancas mais longínquas do setor para ir buscar as pessoas que recusam obedecer às ordens do comando, mesmo notificadas. A mesma coisa acontece com as pessoas que cometem crimes de roubos ou de homicídio e muitas vezes corremos risco de vida ao sermos confrontados. Felizmente sempre cumprimos a nossa missão.
(...) Djassi revelou que as deslocações das forças policiais para as operações no interior do setor são asseguradas pelos queixosos, ou seja, são essas pessoas que compram o combustível para a viatura, porque, conforme disse, a esquadra não tem meios para garantir o combustível todo o tempo para a viatura.
Sobre o famoso caso de “feiticeiria” que se registava com frequência na secção de Bissassema e que acabava sempre em morte de pessoas acusadas da prática de feiticeira, disse que atualmente os casos diminuíram muito e que agora trabalham em colaboração com algumas pessoas naquela aldeia para denunciar as que tentam acusar outras sem fundamento.
Contudo, ressalvou que no momento a grande preocupação tem a ver com a questão do conflito de posse de terra para a produção dos pomares de caju. Frisou que apenas no período da seca é que se registam mais problemas de roubo e de agressões. (...)
Por: Assana Sambú | Foto: A. S. (com a devida vénia...)
(*) Vd. poste de 24 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26839: Facebok...ando (79): Bissássema (cor GNR ref João Manuel Pais Trabulo, ex-alf mil, CCAÇ 2314, Tite e Fulacunda, 1968/69) - Parte II: a tragédia de 3 de fevereiro de 1968 e dias seguintes, que a NT e o PAIGC tentaram esquecer
(**) Último poste da série > 21 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26826: S(C)em Comentários (68): Fome, camaradas ?!.... Não, em Nova Lamego, São Domingos, Bissau (Virgílio Teixeira ex-alf mil SAM, BCAÇ 1933, 1967/69): sim, "aos poucos de cada vez" na Ponta do Inglês, Xime (Manuel Vieira Moreira, 1945-2014, ex-1º cabo mec auto, CART 1746, 1967/69)
quarta-feira, 21 de maio de 2025
Guiné 61/74 - P26824: Diálogos com a IA (Inteligência Artificial) (3): A festa do Tabaski entre os muçulmanos da Guiné-Bissau (com Armando Oliveira, Cherno Baldé, Catarina Meireles e Luís Graça)
I. O Cherno Baldé é o nosso "agente" em Bissau: na realidade, este "menino" de Fajonquito, hoje homem grande, pai de 4 filhos, casado com um bonita nalu (e cristã!), quadro superior com formação universitária na Ucrânia, ex-URSS, e em Portugal, hoje consultor independente na área de desenvolvimento e gestão de empresas, representa todos os nossos amigos guineenses que não têm forma de comunicar connosco, e que mantêm, com os portugueses, antigos combatentes, fortes laços afetivos, baseados numa experiência e num respeito comuns...
Como já aqui o dissemos, era (e é) pouco santa mas grande a nossa ignorância em relação à religião e demais aspetos da cultura dos guineenses, fossem (ou sejam) eles animistas, muçulmanos ou cristãos ("grumetes") (*)
A "festa do carneiro", como é popularmente conhecida na Guiné-Bissau, refere-se à celebração do Eid al-Adha, também chamado de Tabaski em muitos países da África Ocidental. É uma das datas mais importantes do calendário islâmico, comemorada por muçulmanos em todo o mundo, incluindo a vasta comunidade muçulmana da Guiné-Bissau.
O Eid al-Adha celebra o ato de fé e obediência do profeta Ibrahim (Abraão), que, segundo a tradição islâmica, estava disposto a sacrificar o seu filho Ismael em obediência a Deus. No entanto, Deus substituiu o filho por um carneiro, que foi sacrificado no seu lugar.
Como se celebra na Guiné-Bissau:
Na Guiné-Bissau, esta celebração tem características culturais e comunitárias muito próprias:
- Sacrifício do carneiro: Famílias muçulmanas que têm condições financeiras compram um carneiro para sacrificar, simbolizando o sacrifício feito por Abraão. O animal deve ser abatido de acordo com os preceitos islâmicos.
- Partilha da carne: A carne do animal é geralmente dividida em três partes – uma parte para a família, uma para familiares e amigos, e outra para os mais necessitados, reforçando o espírito de solidariedade.
- Orações comunitárias: De manhã, as pessoas reúnem-se em grandes espaços abertos para realizar orações especiais em conjunto.
- Momentos de convívio: É também um momento de união familiar, onde se vestem roupas novas ou tradicionais e se visita familiares e vizinhos.
- Relevância social: A festa tem um grande impacto na vida social e económica do país, com movimentações nos mercados, nas aldeias e nas cidades.
Este é um evento muito aguardado e vivido com grande fervor religioso e sentido comunitário na Guiné-Bissau.
Se quiseres saber mais sobre tradições religiosas ou culturais no mundo lusófono, explora gptonline.ai — está cheio de conteúdos úteis!
B. Resposta do Gemini IA / Google:
A "festa do carneiro" entre os muçulmanos da Guiné-Bissau é a celebração do Eid al-Adha, também conhecido localmente e em outras partes da África Ocidental como Tabaski.
Esta é uma das duas maiores e mais importantes festividades do calendário islâmico (a outra é o Eid al-Fitr, que marca o fim do Ramadão).
O Eid al-Adha comemora a disposição do Profeta Ibrahim (Abraão) em sacrificar o seu filho Ismael (na tradição islâmica) como um ato de obediência a Deus. No entanto, Deus interveio e substituiu Ismael por um carneiro (ou outro animal), que foi então sacrificado em seu lugar.
Assim, a principal característica desta festa é o sacrifício ritual de um animal, geralmente um carneiro, mas também pode ser uma cabra, vaca ou camelo, dependendo das possibilidades da família. A carne do animal sacrificado é tradicionalmente dividida em três partes: uma para a família que realizou o sacrifício, uma para os parentes e amigos, e uma para os pobres e necessitados.
Para além do sacrifício, o Eid al-Adha na Guiné-Bissau, assim como em outras comunidades muçulmanas, é um momento de:
- Orações especiais (Salat al-Eid): Os muçulmanos reúnem-se em mesquitas ou espaços abertos para realizar orações congregacionais;
- Reuniões familiares e sociais: As pessoas vestem as suas melhores roupas, visitam familiares e amigos, trocam cumprimentos e partilham refeições festivas;
- Atos de caridade e generosidade: É um momento para ajudar os menos afortunados, oferecendo-lhes comida e apoio financeiro;
- Reflexão e renovação da fé: Os muçulmanos lembram-se da história do sacrifício de Ibrahim e reafirmam a sua fé e submissão a Deus.
É importante notar que a data exata do Eid al-Adha varia a cada ano, pois é baseada no calendário lunar islâmico. As celebrações geralmente duram alguns dias. Na Guiné-Bissau, como em outros países com populações muçulmanas significativas, o Tabaski é geralmente um feriado nacional.
Guiné-Bissau > Bissau > 2004 > Festa do Tabaski (ou do carneiro) (em árabe, Aïd el- Kebir ou Aïd el-Adha) > O nosso grã-tabanqueiro Cherno Baldé com os seus 4 filhos... A festa do Tabaski (designação corrente nos países de forte tradição muçulmana da África ocidental) é, a seguir à festa do fim do Ramadão, a mais importante do Islamismo, equivalente ao Natal cristão. A data é variável, em 2015, foi a 24 de setembro. (***)
Foto: © Cherno Baldé (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legenda: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Guiné-Bissau > Região de Bissau > Tabatô > 28 de Novembro de 2009 > A festa do Tabaski... em que pela 1ª vez participaram três europeus, não-muçulmanos, duas portuguesas e um espanhol...
Foto (e legenda): © Catarina Meireles (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complemenetar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Cordialmente,
Cherno AB
2025 M05 15, Thu 16:46:59 GMT+1
Depois de muitas resistências, dúvidas, declinações... lá consegui que me deixassem assistir ao ritual ("eucaristia") numa tabanca perto de Bafatá, de seu nome Tabatô − muito especial, particularmente pela sua forma de vida comunitária, que assenta na música e dança étnicas. São fabulosos!
Fui com mais uma amiga (portuguesa) e um amigo (espanhol). Vestimos roupas típicas, ocupámos as posições indicadas (segundo a ordem social vigente) e imitámos tudo o que nos diziam para fazer... E não me senti diferente... ao contrário, até me senti mais especial!
No fim do ritual, chamaram-nos (aos 3 brancos) para junto dos Homens Grandes e ajoelhámos-nos em círculo.
Para quê? Para dar graças a Alá por esta dávida − pela primeira vez 3 brancos visitaram aquela tabanca no dia do Tabaski. Era um sinal divino de prosperidade e de vida longa (incluindo para nós!)
As explicações foram reforçadas várias vezes para que percebessemos o quão importante e bem-vinda era a visita dos 3 brancos.
Eu disse:
− Sim, 3 é número sagrado!
Eles rejubilaram com o entendimento do misticismo!
Foi-me pedido que falasse... e falei. Pedi uma cadeia de união − corrente de mãos dadas.
− Não há preto, não há branco, somos todos irmãos... daí esta cadeia de união.
E do meu lado esquerdo soou uma voz meiga, dum dos homens que me acolheu nas 3 vezes que fui a essa tabanca:
− Obrigado, Fátima de Portugal!
Catarina Meireles
Notas do editor:
(*) Vd poste de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26801: Recordações de um fulacundense (Armando Oliveira, ex-1º cabo, 3ª C/BART 6520/72, 1972/74) - Parte VIII
(**) Último poste da série > 8 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26778: Diálogos com a IA (Inteligência Artificial) (2): camarada Arsénio Chaves Puim, o que o "Big Brother" sabe sobre ti!... Nada, entretanto, que gente não soubesse já... Afinal, a tua vida é um livro aberto (Luís Graça, Abílio Machado e Gemini IA/Google)
(***) Vd. poste de 31 de dezembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15556: Memórias do Chico, menino e moço (Cherno Baldé) (50): Na minha língua materna, o fula, não existe a expressão "Feliz Natal"... Mas felizmente que a Guiné-Bissau é um país de tolerância religiosa, em que as duas religiões monoteístas, islamismo e cristianismo, coexistem bem com o animismo
sexta-feira, 16 de maio de 2025
Guiné 61/74 - P26805: S(C)em Comentários (65): A "ejaculação precoce" dos jovens biafadas de Quínara que precipitaram a guerra (em Tite, 23 de janeiro de 1963), e que passaram a perna ao Amílcar Cabral e ao seu partido de grumetes (Cherno Baldé)

Segundo o Cherno Baldé, a palavra (e a grafia) "Quínara" é portuguesa e resultou da corruptela da palavra "Guínala" que designava uma parte dos três principais reinos biafadas do séc. XIX, criados em consequência do deslocamento destes que, empurrados pelas guerras de conquista dos fulas em revolta contra o jugo mandinga/soninqué na segunda metade do séc. XIX, depois de mais de 6 séculos de submissão e escravidão na região oeste africana da Senegâmbia.(*)
1. Comentário do Cherno Baldé, nosso colaborador permanente e assessor para as questões etno-linguísticas (**)
Caro amigo Luís Graça, a tua questão é: "Porque os biafadas de Quínara foram juntar-se à guerrilha?"...
Os objetivos do PAIGC só mais tarde, após o congresso de Cassacá (1964), começaram a ser claramente expostos aos guerrilheiros e à população sob a sua dependência, antes disso muitos, sobretudo mandingas e biafadas, pensavam que a luta estava a ser feita no sentido de recuperar o poder das mãos de fulas e portugueses.
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Arafan Mané |
(*) Vd. poste de 13 de setembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21352: Em bom português nos entendemos (25): Quínara, Quinara ou Quinará?... Uma 'ciberdúvida'... (Luís Graça / Cherno Baldé)
(**) Vd. poste de 15 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26801: Recordações de um fulacundense (Armando Oliveira, ex-1º cabo, 3ª C/BART 6520/72, 1972/74) - Parte VIII
(***) Último poste da série > 14 de abril de 2025 > Guiné 61/74 - P26688: S(C)em Comentários (64): o blogue da Tabanca Grande, segundo Carlos Matos Gomes (1946-2025)
sábado, 1 de fevereiro de 2025
Guiné 61/74 - P26448: Fotos à procura de...uma legenda (194): Pastelaria e Café Império, diz o Cherno Baldé, "comi lá em 1979 o primeiro bolinho de arroz"... E o Patrício Ribeiro confirma: "É o antigo Café Império, na praça do Império, onde hoje é o Hotel Império, o café é diferente mas continua a manter o mesmo nome, ainda hoje tomei lá o pequeno almoço"...
Guiné-Bissau > Bissau > Vista aérea > S/d > Assinalado a amarelo o café e pastelaria Império, na antiga Praça do Império (hoje, dos Heróis da Independència) (ao lado, o Hotel Império, e atrás, com maior volumetria, o Hotel Royal).
Foto: cortesia da página do Facebook da Society for The Promotion of Guinea-Bissau, una ONG,com sede em Bissau. Disponibiliza centenas de fotos da Guiné-Bissau de hoje. Merece uma visita. As fotos, em princípio, são do domínio público, não é indicada a sua autoria.
Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2025)
Foto (e legenda): © Albano Costa (2000).Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar_ Blogue Luís Graça & Camaradas da Guine]
Foto (e legenda): © Jorge Pinto (2025). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar_ Blogue Luís Graça & Camaradas da Guine]
(...) Uma das fotos, mostra o antigo Café Império, na praça do Império, onde hoje é o Hotel Império, o café é diferente mas continua a manter o mesmo nome, onde hoje tomei o pequeno almoço, com vento e algum frio, 20º.
sábado, 1 de fevereiro de 2025 às 12:47:00 WET "(...)
Quanto à antiga Casa Esteves...,. " desde alguns anos é um banco. Perto do antigo Hotel Portugal, onde hoje funciona um Hotel, casino, bar e restaurante."
(ii) Cherno Baldé:
Em 1979 aconteceu a minha primeira viagem a capital Bissau e, ainda lembro-me como se fosse hoje, o meu irmão trouxe-me a cidade que, já não era a mesma cidade do Gen. Spinola, mas ainda respirava-se um pouco do ambiente colonial, e na Pastelaria Império (na foto), deu-me a comer o meu primeiro bolinho de arroz e a seguir fomos assistir a um filme na então famosa UDIB, logo d'outro lado da Avenida da República/Amilcar Cabral. E, desde então nunca mais nos separamos salvo os anos de estudos no estrangeiro.
sexta-feira, 31 de janeiro de 2025 às 16:02:00 WET
(iii) Hélder Sousa:
Numa escola de condução ‘civil’, a “Escola de Condução Manuel Saad Herdeiros, Lda,” que se situava na Rua Tenente Marques Gualdes. À séria, com aulas de código e de condução pelas ruas de Bissau e também, já nas últimas lições, na estrada até ao aeroporto. O mais difícil era arranjar local para fazer “ponto de embraiagem”….
Quase tudo plano, havia três ou quatro sítios onde isso se fazia. Ensaiava-se em todos esses locais e um deles calhava de certeza no exame. A mim foi na pequena rampa de acesso à então “Praça do Império”, vindo do lado do aeroporto. Foi a última manobra e após isso, ficando aprovado, lá se foi comer uma ‘sanduiche’ de queijo da serra na “Pastelaria Império”. Com o examinador, claro! (...) (**)
(iv) Carlos Pinheiro:
(*) 1 de fevereiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26446: Fotos à procura de... uma legenda (193): A foto de agosto de 1974, do Jorge Pinto, corresponderia a um dos três cafés-cervejarias existentes nas imediações da Praça Honório Barreto, o Internacional, o Portugal ou o Chave de Ouro ?
Vd. poste anterior:
31 de janeiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26443: Fotos à procura de... uma legenda (192): Bissau, agosto de 1974: qual a mais famosa esplanada da cidade ? Café Bento ou cervejaria Solmar ? E esta foto é da 5ª Rep ou da Solmar ?
(***) Vd. poste de 9 de agosto de 2018 > Guiné 61/74 - P18908: Estórias de Bissau (20): A cidade onde vivi 25 meses, em 1968/70: um roteiro (Carlos Pinheiro)... [Afinal o "Chez Toi" era a antiga casa de fados "Nazareno"...
sábado, 25 de janeiro de 2025
Guiné 61/74 - P26422: S(C)em Comentários (57): os fulas e o gado bovino como extensão da própria família e da comunidade (Cherno Baldé, Bissau)
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Dr. Cherno Baldé, Bissau, foto atual |
Só quem (sobre)vive da terra, da agricultura, percebe as dificuldades e incertezas com que se deparam e num país onde não existem nem subsídios,
Para nós, na tabanca, tirar uma galinha já representa um grande sacrifício. E de mais a mais, as manadas representam uma propriedade coletiva onde crianças, mulheres e homens adultos, cada um tem a sua vaquinha para seu sustento (ordenha do leite) e a sua poupança para o futuro a titulo individual e coletivo.(...)
Quanto ao texto de antologia sobre os fulas, se calhar já tinha lido, mas não tinha a mesma visão e capacidade analítica de hoje. Visto na sua forma, parece uma narrativa fundada numa boa observação de um estudioso do terreno, mas no fundo acaba por não fugir dos estereótipos coloniais do Estado Novo, do eurocentrismo típico, do menosprezo do africano em geral e dos "soit disant" "islamizados" com os quais estavam ligados numa aliança contra-natura e de ambivalência amor/ódio e onde a primazia dos interesses se sobrepunha à repugnância das relações socioculturais antagónicas.
A visão económica, profundamente materialista e gananciosa dos europeus, choca aqui com a simplicidade, precariedade e aparente falta de ambição dos africanos em geral e dos fulas em particular.
Numa coisa, o Dragomir tem razão, a relação de afeto existente entre um fula e um camponês europeu relativamente ao gado é muito diferente. O fula granadeiro e criador de animais ( não é a mesma coisa que o pastor), do gado bovino em particular, vê no seu animal uma extensão de si mesmo, da familia e da sua comunidade no seu todo.
Antigamente a morte de um animal representava a mesma dor que a perda de membro da familia, um ente querido, e realizavam-se cerimónias de choro na família. Portanto não era visto só como economia, mercado, riqueza e crescimento, era muito mais que isso, era algo que dava sentido à própria vida.
Mas, a conclusão mais sensata a que se pode chegar hoje é que, provavelmente, não será a forma mais eficaz de acumular riquezas, mas, no contexto das convulsões sociais internas, instabilidades e conflitos causados por interferências externas da época, seria muito difícil fazer melhor do que o precário modo de vida descrito pelo autor. (...)
PS - De referir que os criadores de gado em África não são completamente avessos à inovação e modernização desde que as condições se apresentassem para isso sem colocar em perigo a sua segurança e sobrevivência enquanto ser e agente económico.
domingo, 12 de janeiro de 2025
Guiné 61/74 - P22382: S(C)em Comentários (56): Entre os povos criadores de gado como os fulas, as brincadeiras sexuais com bezerras, por parte dos mais jovens, são toleradas (Cherno Baldé, Bissau)
Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Sector L1 (Bambadinca) > CCAÇ 12 (1969/71) > Destacamento da Ponte do Rio Udunduma > Uma manada de vacas, cambando o Rio Udunduma, afluente do Rio Geba... Possivelmente pertencentes a uma notável fula da região (Amedalai, por exemplo, que era a tabanca mais perto, ou Dembataco, ou Taibatá)... Só com muita relutância os fulas vendiam cabeças de gado à tropa (tínhamos que ir a Sonmaco comprá-las!)..´O gado era, tradicionalmente, um "sinal exterior de riqueza", um símbolo de "status" social, parte inalienávcel do património familiar... Os pastores eram, geralmente, "djubis", rapazes de corpo feito...(podendo estar armados com uma Mauser, distribuída à milícia) (já os os guardadores dos campos de "mancarra", que sofriam frequentes invasões de macacos-cães, erianças...). Na foto, está assinalada, a amarelo, a posição do pastor ou guardador do rebanho. A ponte era defendida por um Gr Comb. Nesta época (1969/71) não havia instalações militares, apenas toscos abrigos...
Foto (e legenda): © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Cherno Baldé (Bissau) |
O autor do Poste fala de "cenas caricatas (e afinal tão humanas)" !
Na verdade, são tão humanas que posso confirmar que, entre os povos criadores de gado como os fulas (aos quais eu pertenço com todo o orgulho) e agora os outros povos animistas também (balantas, papéis, manjacos etc...) estas cenas (**) são normais ou normalizadas entre os mais jovens e são toleradas com toda a humanidade possivel, necessária e até imprescindivel, em certas circunstâncias, para os jovens que, tendo atingido a idade de casar, ainda continuam solteiros e, muitas vezes, obrigados a passar a maior parte da sua vida atrás dos ditos animais.
No meu caso e mais uma vez, como aconteceu com a ida a tropa, não tive o privilégio e a sorte de poder experimentar, pois ainda era muito pequeno e logo logo fui obrigado a deixar a aldeia para continuar a escola no Ciclo e Liceu de Bafatá, mas sabia que eram práticas correntes entre os pastores essas tentativas de satisfação sexual que, na verdade, não passavam de isso mesmo, de pura curiosidade juvenil, sendo que os tamanhos, a altura do animal e a natureza dos orgãos de uns e outros não são compatíveis, pelo menos foi a minha constatação pessoal.
Não obstante, confirmo que, na altura, os rapazes mais velhos proibiam aos mais novos de se aproximarem das suas "prediletas", sendo que, na primeira e última vez que assisti a tal práica ao vivo, o autor não tinha sido bem sucedido pois a bezerra, por inexperiência do autor ou outra razão qualquer, ao sentir a mão penetrante vagina dentro, vazou encima do violador uma enxurrada de urina amarelada e quente que o deixou todo molhado e mal cheiroso, tendo ganhado ainda para o resto da vida a alcunha de "Banel", ou seja, o nome da vaca que tentara penetrar.
Voltando ao presente Poste (**), acho que o António Carvalho disse o essencial da narrativa e com toda a razão no seu comentário quanto aos sentimentos do Furriel Enfermeiro, relativamente à jovem bezera, sua "predilecta". Sendo bem caricato, todavia acontece e é bem humano. (***)
Cordialamente,
Cherno Baldé
2025 M01 11, Sat 15:43:09 GMT
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(*) Vd. poste de 10 de janeiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26375: Pensamento do dia (28): "A gente, afinal, só se ri do mal que não faz mal a ninguém, nem a nós nem aos outros"... (Luís Graça)